NÚMERO ALTO DE AÇÕES JUDICIAIS EM DIABETES REFLETE O AUMENTO DA INSTRUÇÃO DAS PESSOAS E A MOROSIDADE PARA INCLUSÃO DE NOVOS MEDICAMENTOS NO SUS

04/07/2015 10:35


Foi publicada uma matéria no dia 15 de maio no Jornal Diário de S. Paulo sobre ações judiciais, que me chamou atenção. Nela, a jornalista relata que nos últimos quatro anos, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo registrou um aumento de 47% no total de repasses com o pagamento de ações judiciais a doentes que conseguiram liminar favorável na Justiça para algum tratamento médico.  

Apenas em 2014, a Secretaria Estadual de Saúde gastou mais de R$ 394 milhões com o pagamento de ações. É o valor mais alto já dispensado em um ano com esse tipo de finalidade, segundo a pasta do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Apenas no primeiro trimestre deste ano, o Estado teve de desembolsar uma quantia de mais de R$ 91 milhões para o custeio das ações judiciais.

O jornal ouviu especialistas que destacam os motivos do número de ações judiciais: A primeira é a morosidade para a inclusão de novos procedimentos e medicamentos na tabela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), do Sistema Único de Saúde. A segunda é o aumento do grau de instrução dos pacientes que recebem a negativa. Para ler a matéria na íntegra, acesse: Diário de SP

Para falar sobre este tema e esclarecer as dúvidas sobre as ações judiciais e administrativas, o que fazer quando uma ação for negada, se há alguma diferença quando a pessoa tem um plano de saúde, entrevistei Ione Taiar Fucs, advogada, diretora da ADJ e coordenadora do ADJ Jur. Confira abaixo:

Convivência com Diabetes: Uma pessoa recém-diagnosticada com diabetes deve entrar com a ação administrativa ou judicial? Qual a diferença entre as duas?
Sempre orientamos as pessoas a tentarem receber o tratamento de que necessitam para sua doença crônica, de forma administrativa. Se houver recusa administrativa é que deverão ir para a esfera judicial.

Convivência com Diabetes: Você concorda com a matéria do Diário de S. Paulo a respeito das causas da multiplicação de processos para cobrar tratamento adequado do SUS? 
Concordo plenamente, pois se houvesse incorporações de novos medicamentos e as pessoas conseguissem receber de forma administrativa, elas não ingressariam com ações judiciais. Também concordo que as pessoas com maior grau de instrução procuram mais os seus direitos. O que deveria haver é uma maior divulgação dos direitos das pessoas para que todos se beneficiassem, independentemente do grau de instrução de quem necessita de tratamento e/ou medicamentos.

Convivência com Diabetes: Há uma solução para reverter o número de ações judiciais?
Acredito que com a incorporação de novos medicamentos para diabetes, atualizando- se a lista do RENAME (RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS), as ações judiciais diminuiriam. Não creio que terminariam, pois não seriam todos os medicamentos incorporados.
Convivência com Diabetes: Se a ação judicial for negada, o que a pessoa precisa fazer?
Sempre há a possibilidade de se recorrer a uma instância superior para rever a decisão de 1º grau onde a ação judicial foi negada. É papel do advogado ou do defensor público recorrer quando perde.

Convivência com Diabetes: Há uma diferença para as pessoas que têm plano de saúde?
Depende do que a pessoa necessita: tratando-se de medicamentos, com certeza ela sempre irá requerer administrativamente ou ingressar com ação judicial, pois a maioria dos planos de saúde não cobre o tratamento de diabetes. Importante salientar que se a pessoa já tem retinopatia diabética grave e já tentou alguns tratamentos, que não deram resultado, e necessita de aplicações intraoculares (Avastin, Lucentis ou Ozurdex), ela pode e deve requerer a autorização ao plano de saúde. Se for negada, poderá ingressar com ação judicial e pleitear uma liminar para cobertura dos medicamentos e aplicações.

Convivência com Diabetes: Há algo a acrescentar?
Sim. Que as pessoas procurem se informar mais sobre os seus direitos e lutar por eles, principalmente de forma coletiva, para que suas vozes e reivindicações sejam ouvidas e para que haja a incorporação de novos tratamentos para quem tem diabetes seja do tipo 1 ou do tipo 2.

Deve ser lembrado e divulgado que diabetes já é considerada uma pandemia e a previsão de crescimento de pessoas com diabetes tipo 1 e 2 vem aumentando assustadoramente,  seja a nível nacional ou mundial. É algo alarmante.

fonte:https://www.convivenciacomdiabetes.com.br/2015/07/numero-alto-de-acoes-judiciais-em_3.html